6 de agosto de 2010

Debate reforça polarização de projetosPDFImprimirE-mail

O primeiro encontro dos presidenciáveis nessa última quinta-feira ressaltou a polarização de dois projetos na campanha de 2010.

Os quatro principais candidatos à presidência da República se encontraram na noite dessa quinta, 5 de agosto, pela primeira vez na corrida eleitoral. Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) estiveram nos estúdios da Rede Bandeirantes, em São Paulo, para o tradicional debate televisivo. Marcado pelas palavras comedidas, o programa serviu para mostrar que o pleito de 2010 será pautado por dois projetos distintos: o da continuidade das mudanças do governo Lula na figura de Dilma ou a volta ao sistema administrativo neoliberal dos tucanos.

As respostas da candidata petista exaltaram as conquistas do governo Lula e sua experiência frente aos ministérios de Minas e Energia e Casa Civil. Ela ressaltou ainda oscompromissos com a juventude, mencionando a ampliação do Prouni e dos cursos profissionalizantes no ensino médio. Quanto à Saúde, Dilma foi provocada por José Serra, que afirmou ter havido uma diminuição nos mutirões na atual gestão. A resposta foi o ponto alto de Dilma no debate: “Mutirão é uma medida de emergência. Não pode ser a característica da nossa política de saúde. Ampliamos as cirurgias eletivas feitas na rede. E temos que tornar o SUS um sistema robusto, em definitivo. É possível fazer mutirões, mas vamos ter que completar o SUS”. Ela ainda mencionou dados sobre assentamentos, defendeu os movimentos sociais e reafirmou o compromisso com a reforma tributária.

Serra focou o discurso nas APAEs e nos já citados mutirões da saúde, além de tentar passar ao público uma imagem de simpatia que beirou o caricato. Suas respostas foram bastante contraditórias com a prática: chegou a defender o sindicalismo - mas recebe qualquer manifestação de greve com a repressão da Polícia Militar – e mencionou congestionamentos dos portos como obstáculo para o crescimento – esquecendo-se do trânsito caótico das Marginais em São Paulo. Também não defendeu a redução da jornada de trabalho sem perdas salariais e chegou a dar informações erradas quanto à Nota Fiscal Paulista (esclarecimentos e debate interessante sobre o tema aqui). Ao final, quis abusar do sentimentalismo, ameaçou chorar e disse que “veio de longe”, numa tentativa de aproximar sua biografia à do presidente Lula.

Outra dos participantes, Marina Silva deu um tom humanista em suas respostas, mas não chegou a apresentar nenhuma proposta que se destacasse. Ficou postada entre Serra e Dilma e se apresentou como uma candidatura conciliatória. Ao final, recitou um texto interessantíssimo e se apoiou na quebra de paradigma que seria a eleição de uma presidenta, fato não explorado por Dilma Rousseff. Já Plínio de Arruda Sampaio utilizou oratória baseada no humor e na ironia para se mostrar como o franco-atirador dessas eleições. O presidenciável do PSOL disse se sentir discriminado na campanha e, por todo o programa, atuou como o apocalíptico contraponto de tudo e de todos.

Os candidatos agora se preparam para o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que acontece no dia 17 de agosto.

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